terça-feira, 24 de maio de 2011

O mundo vai acabar em um coffee break

Onze da manhã.

Enquanto todo mundo discutia o fim do mundo que estava marcado para dia 21 de maio de 2011, eu só conseguia pensar no fim do expediente. Acabar logo com meu serviço e cascar fora.

Pra mim o fim do mundo era na hora que eu estava fazendo aquilo. Servindo cerca de 600 pessoas que andavam pra lá e pra cá em um espaço quase intransitável.

Eu não sei o que era pior: as pessoas fingirem que estava tudo bem ou eu me enganar acreditando que elas acreditavam mesmo que estava tudo bem.

Todos rindo, comendo, bebendo, numa velocidade como se realmente o mundo fosse acabar. Eu creio, que se o mundo acabar, vai ser num dia de coffee break. Ali as pessoas acham mesmo que se não se empanturrarem, não vale a ida ao local, não vale a inscrição no congresso nem o dia de folga na empresa em que todos foram chamados a comparecer em um hotel para uma palestra cercada de gente da “alta” e de intelectuais renomados da área.

Assim como o fim da missa representava o melhor momento dela para meu irmão, sei bem que a hora que o presidente da mesa diz “faremos uma pausa e retornaremos em...” é a melhor hora para os ouvintes.

Ali, meu amigo, o sujeito larga o microfone na mesa que chega a zunir lá na cozinha. As mulheres catam suas bolsas, todos tiram os aparelhos de tradução simultânea, se levantam e, em segundos, formam uma multidão na porta do salão.

E eu, com anos de experiência com essa gente, tenho medo. Até hoje. Medo de ser arrastada numa dessas. Eu tranco minha bandeja junto do peito e rezo para que todas as taças sobrevivam, que os salgados não voem no peito de uma, que o café quente não lasque a outra, que meu carrinho não seja arrastado saguão afora.

Existem coffee breaks tão tensos que nem a toalha da mesa escapa. Fica toda torta na mesa com os restos.

E te contar uma coisa, colega, tem tanta gente que se diz de classe e é nojenta até perder de vista que porra... Gente que tem a cara de pau de cuspir um chiclete dentro da xícara e colocar de volta na mesa, que pega um sanduíche no espeto, come e ainda tem a habilidade de, em 5 segundos, quando você ainda está servindo, devolver o palito pra bandeja cheia de sanduíches que ainda serão servidos.

As pessoas podem ter a classe que for, terem sido educadas nos melhores colégios e frequentando os melhores ambientes, que quando se trata de boca livre (ou quase livre no caso de entrada paga) parecem touros em rodeio: abriu a porteira, cai matando.

Vai um pobre qualquer fazer isso pra ver o que dá...

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