terça-feira, 24 de maio de 2011

Cabelo em ovo: O vizinho quem colocou

Quarto escuro. São seis da tarde.

O sol acabou de ir embora e algumas estrelas já apontam da minha janela.

Gosto da luz baixa, de colocar um som e abrir a persiana. Mas o vizinho ao lado cisma que eu faço isso pra olhar pra ele. Como se eu não soubesse que ele é gay. Vai ser um médico o rapaz, muito bem sucedido, creio. Pelas horas de estudo que gasta. Agora você deve mesmo estar achando que eu acompanho a vida do garoto. Improcede. Fato é que toda vez que mexo na cortina seja pra abrir ou pra fechar, é quase impossível que eu não olhe pra frente, já que minha janela ocupa toda a parede lateral e dá de frente pro quarto dele. Daí vejo que ele está concentrado estudando. Mas é só isso., Não fico parada olhando. Ademais, ele não me atrai.

Garotos de um modo geral não me atraem. Esses menininhos estilo Caio Castro Castanheira e Fiuk Malhação me dão uma preguiça dos horrores. Gosto de homens. HOMEM bem feito. De cabelo grisalho, de preferência.

O vizinho se sentiu tão incomodado que mudou até o estilo de cortina. E sempre foi assim: a conta de eu abrir minha persiana pra ele fechar a dele. Já posso ficar puta com isso? Obrigada. Já fiquei. Cara chato...

Agora até eu me sinto incomodada. Não posso chegar a cara na janela pra ver a lua porque ele vai achar que fiz isso pra “bisoiar” a casa dele. Com coisa que quem apareceu de cueca duas vezes na janela fui eu né? Ódio define.

Tô me sentindo incomodada? Tô me sentindo incomodada o caráleo. Dane-se este vizinho que acha que quero comê-lo. Não preciso de vizinho quando tenho outras opções mais viáveis. Ademais, da fruta que eu gosto sei que ele seca até o caroço. Mas eu gostaria que ele soubesse que eu sei. Porque daí parava de achar que meu mundo gira em torno do dele.

Agora todas as luzes da casa dele acabaram de ser apagadas. O garoto vai sair. Posso me dar ao luxo de arreganhar a janela e dizer Oi pro mundo. Não. Não posso. Mas isso é história para os próximos posts.

Espero que este garoto (que não sei se tem sua homossexualidade assumida) um dia saia da casca de ammendoim que lhe envolve e pare de ver cabelo em ovo. E que possa compreender que a vontade de olhar pela janela muitas vezes não passa de mera vontade de olhar pela janela.

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